Futurismo Tropical
Projeto Open Source para "tropicalizar" o conhecimento sobre Futurismo para o público brasileiro e começar a desenvolver o campo do "futurismo à brasileira", ou futurismo tropical.
Reflexão
País Tropical
"uma representação da América Latina no Futurismo"
Jorge Ben Jor
Moro num país tropical, abençoado por DeusE bonito por natureza (mas que beleza)
Em fevereiro (em fevereiro)
Tem carnaval (tem carnaval)
Eu tenho um fusca e um violão
Sou Flamengo
Tenho uma nêga
Chamada Tereza
Sambaby
Sambaby
Sou um menino de mentalidade mediana
(Pois é) mas assim mesmo sou feliz da vida
Pois eu não devo nada a ninguém
(Pois é) pois eu sou feliz
Muito feliz comigo mesmo
(...)
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Considerações Iniciais
Introdução
Criar suposições sobre o futuro se mostrou uma tarefa
incerta ou até mesmo, difícil. A precipitação, portanto, já é uma característica que, além de abordar
um macro de significados e aplicações, também é uma das principais características da maioria dos seres vivos,
que, por sua vez, são capazes de se adaptar a eventos adversos, com base em gatilhos e reações do ambiente ao
seu redor, ou até de seus próprios organismos.
A fome, por exemplo, é o mecanismo que nosso organismo utiliza para sinalizar a necessidade de ingerirmos
alimentos para então, conseguirmos realizar nossas necessidades metabólicas através da obtenção de energia.
Além da fome, nosso corpo utiliza outros meios para sinalizar suas necessidades, cada um contendo em si, finalidades específicas, mas em sua maioria, relacionadas à antecipação de um futuro incerto. Para o filósofo Aristóteles (Estagira, 384 a.C. – Atenas, 322 a.C.), o tempo e suas instâncias poderiam ser explicados pela Física: “Porque o tempo é apenas isto: o número do movimento segundo o antes e o depois.” (Phys. 219 b1-2, tradução nossa).
Contribuições de Ricoeur e Santo Agostinho
Paul RicoeurA narratividade necessária e sua consciência presente na História como objeto de estudo, tese reafirmada por Paul Ricoeur(Valence, 1913 - Châtenay-Malabry, 2005), que buscou principalmente assegurar o retorno do vivido, da sensibilidade e da ação humana sob uma historiografia que, em casos extremos, parecia abstrair-se do homem. A inteligibilidade histórica, certamente necessária tal como haviam proposto os estudiosos, não poderia excluir o vivido.
Santo Agostinho O filósofo e doutor da Igreja, Santo Agostinho(Tagaste, 354 - Hipona, 430), havia rejeitado a antiga ideia grega
de que o tempo correspondia a um "movimento dos astros", e no lugar, introduz a tese de que "o tempo é interior,
passando-se na alma", permitindo que a alma humana seja impactada com uma tripla presença:
- Passado, através da Memória;
- Presente, através da Visão;
- Futuro, através da Expectativa.
Com estes três conceitos juntos, a vivência humana ante o tempo foi vista como uma amálgama de sentimentos e sentidos, que mesmo incomunicáveis, estão presentes na subjetividade.
A Modernidade Tropical
Nenhum problema é mais profundamente ecológico – e ao mesmo tempo sociológico – que o da adaptação do ho-mem ao meio físico, ao conjunto de condições de solo, de vegetação e de vida animal dentro do qual vai estabelecer sua posição, seu status, sua situação de homem social e não apenas de indivíduo biológico: de portador, transplantador, deformador ou renovador de cultura, de instituições, de for-mas de vida social (Freyre, 1973, p. 453).
[e]mbora o clima ninguém o considere o senhor-deus-todo-poderoso de antigamente, é impossível negar-se a influência que exerce na formação e no desenvolvimento das socieda-des, senão direta, pelos efeitos imediatos sobre o homem, indireta pela sua relação com a produtividade da terra, com as fontes de nutrição, e com os recursos de exploração eco-nômica acessíveis ao povoador (Freyre, 2000a, p. 88).
Portanto, o homem como animal, impacta e é impactado pelo ecossistema ao redor, seja através da sua relação com a terra, com as fontes de nutrição e com os recursos de exploração econômica acessíveis ao povoador, ou através da sua relação com o clima, que exerce influência na formação e no desenvolvimento das sociedades. Assemelhando-se a uma constante batalha entre polos diferentes, o humano tenta resistir às condições ecológicas do ambiente, enquanto o próprio ambiente se adapta às mudanças ocasionadas por essa nova espécie.
Clima e Temperatura Definindo a Literatura Humana
A literatura humana, em sua maioria, é uma reflexão da experiência humana, que é, por sua vez, uma experiência que se desenvolve em um ambiente específico, com suas particularidades e peculiaridades. O clima e a temperatura são fatores que influenciam a forma como os seres humanos se relacionam com o mundo ao seu redor, e, consequentemente, a forma como eles se expressam através da literatura.
Na literatura brasileira, é ineguável a contribuição uma grande influência do clima e da temperatura na formação da identidade cultural do país. O clima tropical, com suas características de alta umidade e calor, permitiram que os peimeiros brasileiros desenvolvessem uma cultura rica e diversificada, que foi influenciada pela presença de diferentes povos e culturas ao longo da história do país.
Regimes Autoritários e a Exploração
A exploração do homem pelo homem, que é uma característica comum em regimes autoritários, é uma das principais causas da degradação do meio ambiente. A exploração do homem pelo homem é uma forma de exploração que visa a obtenção de lucro a qualquer custo, sem considerar as consequências para o meio ambiente e para a sociedade como um todo.
Os países tropicais, em sua maioria, localizados mais ao sul do planeta, passaram por regimes autoritários, que exploraram os recursos naturais do país, resultado de longos anos de exxploração e colonização, tendo em vista que grande parte destes países foram colonizados por potências europeias, que exploraram os recursos naturais do país.
Literatura Pré-República-
Obras Literárias
- Memórias Póstumas de Brás Cubas
- Dom Casmurro
- Memórias de um Sargento de Milícias
- Vida e Morte de Quincas Berro d'Água
- História da Vida Privada no Brasil
- História do Brasil Império
Obras que foram escritas ou que buscam retratar a nação brasileira durante o período da monarquia, que foi marcado por uma grande diversidade de culturas e povos, que se encontraram no território brasileiro, especialmente indígenas, africanos e europeus.
Antes da Monarquia, os escritores, em sua maioria portuguese jesuítas, desenvolveram os primeiros vestígios daquilo que viria a se tornar o primeiro registro literário do Brasil. Porém, durante este período conhecido como Quinhentismo, a literatura brasileira ainda não era uma literatura brasileira, mas sim uma literatura portuguesa, que foi escrita por portugueses, que muitas vezes, cometiam erros em relação à representação dos povos originários, portanto, durante essa época, o conhecido Tropical era repleto de hipérboles e era um espelho de pré-conceitos dos europeus.
Com a chegada da Monarquia, a literatura se expandiu, ganhando influências inglesas e africanas: a identidade brasileira estava se formando, e o "tropical" tornava-se símbolo da liberdade e prosperidade do povo brasileiro.
A Chegada da RepúblicaO advento da República no Brasil, com a Proclamação da República em 15 de novembro de 1889, marcou o fim do período monárquico e deu início a uma nova era de transformações políticas, sociais e culturais. Este período republicano não apenas alterou o sistema de governo, mas também desempenhou um papel crucial na formação da identidade nacional brasileira e na concepção de um futurismo tropical, que mais tarde influenciaria diversas áreas do conhecimento e da arte.
Com a Proclamação da República, o Brasil passou a buscar uma identidade nacional que não estivesse atrelada à monarquia imperial e às suas tradições europeias. O novo regime republicano incentivou uma série de mudanças que contribuíram para a construção de um sentimento de pertencimento nacional. A abolição dos títulos de nobreza, a nova Constituição de 1891, e a criação de símbolos republicanos foram passos fundamentais nesse processo.
O período republicano também viu o surgimento de uma intensa discussão sobre o conceito de brasilidade. Intelectuais, artistas e políticos começaram a explorar e a afirmar a diversidade cultural e étnica do país, que havia sido menos destacada durante a monarquia. Este movimento buscou valorizar as raízes indígenas, africanas e regionais, contrastando com a visão predominantemente eurocêntrica do período imperial. A valorização do folclore, a promoção da cultura regional e a reflexão sobre o papel do Brasil no cenário global contribuíram para um sentimento nacional mais robusto e inclusivo.
O conceito de futurismo tropical, um objeto de estudo científico que surgiu ao longo do século XX, é um reflexo das ideias e transformações iniciadas na República. Este conceito explora a relação entre as características climáticas, culturais e sociais do Brasil e suas projeções para o futuro. O futurismo tropical não se limita a uma visão utópica ou especulativa, mas busca compreender como as condições ambientais e culturais do Brasil podem moldar e influenciar o desenvolvimento científico, tecnológico e social do país.
O Futurismo Tropical
O que é o Futurismo Tropical?
O conceito de futurismo tropical, um objeto de estudo científico que surgiu ao longo do século XX, é um reflexo das ideias e transformações iniciadas na República. Este conceito explora a relação entre as características climáticas, culturais e sociais do Brasil e suas projeções para o futuro. O futurismo tropical não se limita a uma visão utópica ou especulativa, mas busca compreender como as condições ambientais e culturais do Brasil podem moldar e influenciar o desenvolvimento científico, tecnológico e social do país.
A literatura brasileira tem uma rica tradição de explorar temas relacionados à natureza tropical do país, desde a exuberância da flora e fauna até os desafios ambientais impostos pelo clima. Escritores como Jorge Amado e Guimarães Rosa já mergulhavam nesses elementos, criando imagens vívidas do Brasil tropical. O Futurismo Tropical, por sua vez, estuda como essas características podem moldar o desenvolvimento futuro do país, encontrando nas obras literárias uma fonte rica de reflexão sobre a interação entre ambiente e identidade nacional.
O Futurismo Tropical e a Identidade Nacional
A literatura brasileira frequentemente se aventurou no reino da utopia e da imaginação futurista. Obras como "A Moreninha" de Joaquim Manuel de Macedo e "Os Sertões" de Euclides da Cunha oferecem visões do Brasil que podem ser reinterpretadas à luz das previsões do Futurismo Tropical. Essas narrativas literárias não só exploram cenários ideais e críticos, mas também fornecem um ponto de partida para refletir sobre as possibilidades futuras que o Futurismo Tropical busca entender.
"O Rio de Janeiro é um dos lugares mais encantadores do mundo. Entre os montes e o mar, com as suas praias e o seu céu azul, a cidade é um verdadeiro paraíso. Há algo de mágico na sua luz, na sua vegetação exuberante e no calor de suas gentes. É impossível não se sentir cativado por sua beleza tropical e seu ambiente vibrante." - A Moreninha, 1844"A terra é áspera, o solo é arenoso, e o clima é severo; as chuvas são escassas e o calor, opressivo. No entanto, é nesse ambiente árido que brota uma forma de vida singular, marcada pela resistência e pela adaptação extrema às condições adversas. O sertanejo, moldado por esse cenário implacável, desenvolve uma resiliência e uma forma de vida que são profundamente influenciadas pela dureza do ambiente em que vive." - Os Sertões, 1902
Futurismo na Cultura Popular
Breve Resumo
O Futurismo, fazendo parte deste conceito de tempo abordado anteriormente, tende a estar mais presente
em certas obras que outras, quando se é visível a intenção do autor de retratar um possível futuro tropical,
que carrega consigo o histórico do advento colonialista e militarista.
Portanto, não serão consideradas apenas as obras latinas como parte deste movimento, mas é preciso
ter a noção que obras estrangeiras, vindas de países de "primeiro mundo", também utilizam
pré-requisitos para criar obras distópicas ou utópicas sobre seus vizinhos tropicais:
tais requisitos se mostram ser estereótipos com base em pré-conceitos muitas vezes criados
por eles mesmos, e frequentemente reforçados de forma inconsciente pelas vítimas. Uma perda
de uma própria identidade nacional.
Introdução
Livros
- "Ficções" de Jorge Luis Borges;
- "Rayuela" de Julio Cortázar;
- "Cem Anos de Solidão" de Gabriel García Márquez.
Cinema
- "Children of Men" (Filhos da Esperança) de Alfonso Cuarón;
- "Brazil" de Terry Gilliam;
- "Princess Mononoke" (Princesa Mononoke) de Hayao Miyazaki;
- "O Homem do Futuro" de Cláudio Torres;
- "Los Silencios" de Beatriz Seigner,
Televisão
- "Black Mirror" de Charlie Brooker;
- "3%" de Cesar Charlone e Pedro Aguilera;
- "Cidade dos Homens" de Fernando Meirelles e Kátia Lund;
- "Michiko e Hatchin" de Sayo Yamamoto.
Música
- "Robocop Gay" de Mamonas Assassinas;
- "Que país é esse?" de Legião Urbana;
- "Brazil" de O Terno;
- "País Tropical" de Jorge Ben Jor;
- "Ana No Duerme" de Almendra.
Metrópolis e o advento do Futurismo
Metrópolis de Fritz Lang, obra que popularizou não apenas o expressionismo alemão aos cinemas, como também, proporcionou uma visão mais crítica e alucinógena dos possíveis futuros, usufruindo de conceitos contemporâneos à época e os indentando em contextos futurísticos.
Produzido em 1927, com direção de cineasta austríaco Fritz Lang e roteiro baseado no romance escrito por sua então esposa Thea von Harbou, Metrópolis introduz um cenário futurístico e aborda questões raciais e sociais recorrentes no século XX, em que foi produzido. De mesma forma, outras obras aproveitariam-se deste modo de abstração do tempo, e produziriam suas próprias obras usando o escopo desta produção alemã.
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"Metropolis é a gênese da ficção científica. Se o curta-metragem Viagem À Lua de George Méliès (1902)
é considerado o primeiro filme do gênero, a despeito de sua atmosfera muito mais lúdica e sua pouca preocupação
com continuidade e proporção, foi Metropolis que estabeleceu conceitos a serem utilizados posteriormente, por
incontáveis filmes que também se tornariam, a seu tempo, clássicos absolutos. A concepção visual deste longa alemão
de 1927 constitui um valiosíssimo relicário de imagens, e uma das maiores fontes de inspiração da história do cinema,
da qual beberam não apenas o gênero ficção científica, mas também a aventura, os filmes catástrofe e o terror,
como veremos adiante. Contudo, não é apenas pelas imagens que Metropolis ganhou toda essa importância. Legítimo expoente
do expressionismo alemão, e realizado em plena depressão pós I Guerra Mundial pela qual o país passava na época, esta obra
distópica dirigida por Fritz Lang e escrita por ele em parceria com sua esposa, imagina um futuro pessimista e,
veja só, recheado de itens familiares ao nosso presente. Este ambicioso filme, uma superprodução para a época,
é um manifesto – um dos primeiros da Sétima Arte – às diferenças de classes e à opressão em prol da industrialização.
O roteiro encontra espaço ainda, por meio de simbolismos, para fazer alusões ao sagrado e ao profano."
(...)
(Roberto O. AdoroCinema, 2015).
Portanto, é visível o quanto Metrópolis introduziu amplamente a "topias" baseadas nos anais da sociedade, baseando-se nos contextos contemporâneos à sua produção, como também, às opiniões do autor sob determinados elementos antropológicos, coisas que são determinadas por um outro conjunto de fatores.